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COMO SERÁ QUANDO O COVID-19 SE TORNAR ENDÊMICO ?

A discussão sobre o COVID se tornar endêmico tem visões muito diferentes sobre o que isso realmente se traduz na prática e  o que poderá de fato acontecer! No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson defende que todas as restrições legais para conter a covid a partir de março sejam substituídas por conselhos e orientações. Enquanto isso em outra parte do mesmo continente, na Rússia a expectativa é que a covid ultrapasse os 800 mil mortes até março, sendo obrigatória a vacinação de todos e normas cada vez mais rígidas estão sendo impostas á população.

Grande maioria dos especialistas dizem que o Covid provavelmente perderá seu status de “pandemia “a nível mundial em fins de 2022, outros mais otimistas afirmam que passado a fase Ômicron, a Europa já entrará na forma endêmica, o mesmo acontecendo com os Estados Unidos e em diversos outros países. Alegam que o alto índice de vacinação destas populações, a imunidade adquirida pós infecção, a continuidade do uso das normas preventivas e o desenvolvimento de pílulas antivirais para Covid que podem já se tornar realidade ainda neste primeiro semestre, farão fim a pandemia.  Concordância entre os especialistas é que a expectativa de que o COVID-19 se torne endêmico não significará que o vírus deixará de circular e sim pelos motivos expostos que haverá menos transmissão e muito menos hospitalização e mortes relacionadas ao COVID-19.

 Vale ressaltar que uma doença considerada endêmica não significa que ela passa ser considera leve. Várias cepas do coronavirus seguiram um padrão semelhante ao longo desta década similar ao vírus de gripe. Ainda teremos que proteger os vulneráveis, como fazemos com todas as outras doenças. O Covid provavelmente continuará ser uma doença perigosa, assim como a gripe, que mata mais de 1 milhão de pessoas ao ano.

No Brasil a ômicron ainda está se espalhando e somente em fins de março  poderá ser feita uma avaliação concreta  de quando poderemos entrar em um estágio endêmico para o pais.

Para nos ajudar em nossa transição para este próximo estágio da covid 19, felizmente, poderemos recorrer a muitas novas armas que estão em pesquisas. Isso inclui vacinas de próxima geração que serão mais eficazes, com maior tempo de imunização e contra as variantes mais recentes ou ainda vacinas universais que cobrem todas as variantes.

Fim da covid?

Afirmações de que é hora de “viver com a doença” e tratar o coronavírus como endêmico, incomoda muitos cientistas, que alertam que isso vai descompromissar e deixar diversos países voando às cegas e despreparados para qualquer nova variante.

“A ilusão endêmica ”, diz Kristian Andersen sobre a atitude de baixar a normas sanitárias contra a covid por  ´parte de alguns governos, ela é  pesquisadora de doenças infecciosas da Scripps Research da Dinamarca e afirma que com a ômicron o número de subnotificações é incalculável já que pessoas  sem sintomas ou com sintomas parecidos com  de uma leve gripe ou resfriado, não fazem o exame e continuam a transmitirem o vírus.

Com a endemia não será o fim da covid — quando, na verdade, estamos muito longe disso, e é bem possível que essa doença nunca desapareça, já que o vírus provavelmente ele fique conosco para sempre. De acordo com as previsões otimistas, o coronavírus não será extinto e passará, aos poucos, a afetar os seres humanos de forma similar a outros agentes causadores do resfriado comum.  

Covid pode se tornar muito mais sazonal

Doenças endêmicas estão sempre circulando em várias partes do mundo, mas tendem a causar doenças mais leves na maioria dos casos porque mais pessoas têm imunidade a infecções anteriores ou estão protegidos por vacinação. Você pode ter tosse e espirros, mas se estiver em dia com suas vacinas da gripe ou da covid , estará protegido o suficiente para evitar doenças graves ou hospitalização.

Como outros vírus respiratórios, haverá épocas do ano em que as infecções por Covid atingem o pico – provavelmente os meses mais frios no outono e inverno, o que significa que as temporadas de Covid e gripe podem coincidir regularmente no futuro, como já aconteceu esse ano no hemisfério norte.

Além da sazonalidade climática pode-se esperar que em determinadas datas haja um aumento elevado de adoecimentos, em especial em datas festivas, como o carnaval, ano novo, eventos esportivos, natal e outros eventos de massas de que podem possibilitarem a disseminação acentuada na população.

Se o vírus se tornar mais sazonal, usar uma máscara no transporte público e em ambientes fechados durante a temporada de Covid pode se tornar uma  norma prática  – potencialmente até mesmo em escritórios, diz Shaun Truelove, epidemiologista de doenças infecciosas da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health , que também orienta que quando  pessoas estiverem doentes, mesmo na fase endêmica serão aconselhados a continuar a  fazerem a quarentena em casa.

Normas preventivas

Outras estratégias de prevenção, como lavar as mãos regularmente, usar a etiqueta da tosse, e manter práticas de distanciamento em ambientes de alto risco, evitar sair de casa se estiver doente, proibição de eventos, e campanhas extras de vacinações e máscaras também podem permanecer. Grande número pessoas na pandemia já se educaram para essas profilaxias e isso servirá para evitar o contágio de diversas doenças, inclusive da gripe.,

Para esse fim, os epidemiologistas  esperam que doravante o maior número das pessoas assumam um pouco mais de responsabilidade pessoal e fiquem em casa quando estiverem doentes ou forem sintomáticos.

Reforços anuais do Covid vão se tornar uma realidade.

Dr. Timothy Brewer, professor de epidemiologia da Escola de Saúde Pública da UCLA aposta na vacinação como a melhor defesa disponível contra a ameaça de novas variantes do Covid, como o Ômicron.  Há uma chance de você precisar obter reforços regulares do Covid daqui para frente. Alguns especialistas dizem que as vacinas contra a Covid podem se tornar uma ocorrência semestral ou anual, se novas variantes do Covid continuarem surgindo, o reforço pode ser projetado especificamente para combater qualquer variante dominante no momento, semelhante à vacina contra a gripe ou como exemplo a que está sendo fabricada para combater a ômicrom que para o Dr. Timothy todos deverão por bem tomarem.

A necessidade de reforços anuais se para esse ano é recomenda, daqui a uns 2 0u 3 anos não é claro que se vá ser necessário, e questões-chave de biologia ainda precisam ser respondidas.  Conhecemos exemplos em ambas as extremidades do espectro – alguns vírus, como a gripe, requerem vacinação repetida devido à sua evolução antigênica, enquanto outros, como o sarampo, são mantidos afastados por décadas após a vacinação infantil. Embora existam diferenças importantes entre os vírus e os contextos, essa comparação ressalta a necessidade crítica de melhorar nossa infraestrutura global de saúde pública e sistemas de vigilância para monitorar e ajudar a responder a um inevitável próximo vírus pandêmico no futuro.

Como os vírus se espalham onde há indivíduos suscetíveis suficientes e contato suficiente entre eles para sustentar a propagação, é difícil prever qual será o cronograma para a mudança esperada do COVID-19 para a endemicidade. Depende de fatores como a força e a duração da proteção imunológica contra a vacinação e a infecção natural, nossos padrões de contato uns com os outros que permitem a propagação e a transmissibilidade do vírus. Portanto, os padrões provavelmente diferirão consideravelmente do que vimos com as outras pandemias devido às respostas heterogêneas ao COVID-19 em todo o mundo – com alguns lugares engajados em políticas “zero-COVID”, outros com respostas limitadas e disponibilidade de vacina amplamente variável e captação.

Importância da vacinação

Convencer as pessoas a seguir se vacinando contra novas variantes poderá ser um desafio. Já era difícil convencer as pessoas a tomarem suas vacinas anuais contra a gripe, paralelamente a pandemia inúmeras doenças infantis estão voltando(sarampo, pólio, difteria e etc) por falta de prevenção vacinal  e movimentos anti vacina hoje fazem apelo contra diversas vacinas, espalhando fake news, pessoas adultos inclusive estão deixando de tomar até as vacinas de febre amarela ou tetânica. O questionamento das vacinas foi com certeza o lado mais sombrio desta pandemia.

Todos querem voltar ao normal , ninguém quer correr o risco de pegar covid duas vezes ao ano, para evitar esse futuro somente a vacinação em massa garante essa realidade, é bem mais prático tomar  uma  ou duas vacinas anuais do que correr o risco de adoecimentos graves  para si ou para um amigo ou familiar.

O médico Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, também bate nessa tecla de que com a vacinação é possível manter a transmissão em índices bem baixos. “Nós provavelmente nunca vamos eliminar esse vírus. Depois da pandemia, ele se tornará parte de nosso ecossistema. Mas é possível acabar com a emergência de saúde pública, com vacinações”

Referências

Science edição fevereiro 2022

Jornal Público PT

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