Cerca de 850 novas variantes do Sars-CoV-2 já foram identificadas no mundo desde o início da pandemia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já avisou, em nota, que os vírus, incluindo o Sars-CoV-2, mudam com o tempo, o que é natural na existência dos vírus. É que na maioria das vezes, a mutação não tem impacto direto na disseminação do agente. Para ter ideia, só no Brasil há cerca de mais de 20 linhagens do novo coronavírus circulando, com pequenas diferenças genéticas entre elas O risco das cepas mutantes surgem quando uma variante toma proporções de transmissão significativas, como ocorreu com as novas cepas identificadas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil.
O que é mutação do vírus?
Um vírus sofre mutação quando há mudança em seu genoma, que é o conjunto de informações que ele precisa para funcionar. Durante o processo de contaminação, o genoma é copiado e, às vezes, há um novo acaso na duplicação e isso vai afetar diretamente a capacidade do vírus de resistir ou de se replicar.
A capacidade de mutação do vírus é uma capacidade adaptativa ao ambiente ou ao infectar uma pessoa. Às vezes essas mutações não são boas para o vírus e acabam levando a sua extinção. Como dito acima já existiram várias outras mutações ao longo da pandemia que o vírus foi fazendo, mas essas [registrada na Inglaterra, África do sul e Manaus] foram uma mutação adaptativa benéfica a ele. Porque fez com que as novas cepas do vírus tivessem uma capacidade de transmissão extremamente eficiente. Essa é a diferença no meio das centenas de linhagem que já surgiram e ainda hão de aparecerem.
Considerando que a mutação é um fator natural na microbiologia, quais fatores podem intensificar ou frear essas mudanças?
Primeiro temos que entender que as mutações que os vírus em geral fazem são mutações adaptativas. Ele muda para tentar se adaptar ao ambiente. Uma parte disso é inata do vírus. Ou seja, o vírus faz as mutações a cada multiplicação deles para se adaptar, para sobreviver.
Há algumas mutações que são originadas pelo ser humano. E comprovadamente já existem vários relatos de ações de interferência do homem que gera mutação em vírus ou em outros agentes infecciosos, como as bactérias e etc. O uso de alguns medicamentos, tabacos, vícios, alimentação, doenças, portanto, podem influenciarem as propagações de novas variantes.
A primeira variante brasileira, chamada de P.1 e proveniente de Manaus, trouxe mudanças nos genes que codificam a proteína spike, uma estrutura que fica na superfície do vírus e permite que ele se ligue às células humanas para invadi-las. Essa variante brasileira já foi detectada em uma dúzia de países, tendo sida descoberta pelas autoridades do Japão, que a classificaram com um poder de contagio 3 vezes maior.
A cepa inglesa se tornou, em poucas semanas, responsável por 60% das infecções em Londres. Com base no perfil das mutações e no avanço dos casos, as autoridades britânicas estimaram que a variante seria até 70% mais transmissível do que as linhagens até então predominantes no Reino Unido.
No seu boletim semanal do dia 12 fevereiro de 2021 a OMS Declarou que “as mutações encontradas na variante P.1 podem reduzir a neutralização por anticorpos; no entanto, estudos adicionais são necessários para avaliar se há mudanças na transmissão, severidade ou ação de anticorpos neutralizantes como resultado dessa nova variante”
“O fato de ter provocado mais casos mesmo na presença de outras variantes é um indício de que ela possa se espalhar com mais facilidade, mas precisamos observar se o efeito é o mesmo em outros países e sob outras condições”, afirma o virologista Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.
Vamos ter de aprender a conviver com o Vírus
A exemplo do alto poder de contágio que as novas variantes indicam possuir e dos casos de infecção que continuam a crescer 14 meses após o início da pandemia, o virologista alerta que a sociedade deve se preparar para continuar lidando com o novo coronavírus e com novas cepas pelos próximos anos.