O HOJE E O AMANHÃ NA ERA COVID

A tragédia global da pandemia do COVID-19, além de já ter levado a morte mais de 4 milhões de vidas humanas no planeta e afetar todas as áreas médicas e o nosso dia a dia, também redesenha o futuro da sociedade, acelerando o uso de novas tecnologias em especial no mercado de trabalho. Em todo o mundo, a partir do ano de 2020 várias transformações na divisão do trabalho surgiram acarretando profundas mudanças no trabalho individual, no comercio de bens e serviços e nos meios de produção, várias destas alterações ainda estão em curso. As consequências destas mudanças a curto prazo, foram repentinas e frequentemente graves: milhões de pessoas perderam os empregos e milhares de outras viram o seu empreendedorismo ruir e, muitas tiveram rapidamente de se adaptaram a trabalhar em casa quando os escritórios fecharam. Os trabalhadores domésticos e devido o temor da proximidade física, foram também duramente atingidos, até pelo fato de parte dos patrões estarem em home office. O COVID-19 forçou a quase totalidade dos locais de trabalho em educação, turismo, cultura, artes, nutrição, esporte e lazer a fecharem a partir de fevereiro de 2020 , o fechamento das fronteiras piorou a crise econômica oriunda da pandemia e fez os aeroportos e companhias aéreas a operar em uma base severamente limitada.

As áreas de produção e manutenção ao ar livre que inclui canteiros de obras, fazendas, áreas comerciais em espaços ao ar livre, linhas de produção remota das fabricas, o covid-19 teve pouco impacto, pois o trabalho nesta arena requer pouca proximidade e poucas interações permanentes.

A arena do trabalho de escritório baseada em computadores e dados que inclui escritórios de todos os tipos dos serviços em áreas  administrativas,(institucionais, privados e particulares) e que é a maior  fonte de mão de obra na economia moderna, responsável por cerca de um terço de  todo o  trabalho individual ofertado no planeta, é o setor que teve a maior  urgência e que  correu para se adaptar apressadamente para o meio virtual e na grande maioria o fez sem o correlato uso de tecnologias responsivas, sem eficientes canais  de interface e do merecido feedback  ágil a seus usuários.

Com relação ao serviços públicos que fazem parte desta arena, falando especificamente no caso do Brasil, evidencia-se que o setor precisa de profundas reformulações, investimentos em tecnologia e equipamentos para que possamos  ter um atendimento  responsivos e eficiente, para que a  modalidade de prestação de serviço on line, não continue sendo um transtorno para os cidadãos e contribuintes, que se já não disponham de um serviço público ágil e prático antes da pandemia,  agora neste período sem  o recurso do atendimento presencial amplo, se veem  jogados  ao bel prazer das precariedades de atendimento.

No lastro dos acontecimentos inicias da pandemia o conceito de trabalhadores essenciais ressurgiu e merecidamente os trabalhadores das áreas de saúde e hospitais, das áreas de alimentos, mercearias e supermercados, em limpeza pública, em transportes de pessoas ou de cargas, de entrega, correios e o policiamento, se revalorizaram em meio a uma sociedade dividida entre quem podia e pode quem não podia ficar em suas casas.

O COVID-19 acelerou tendências que remodelam a divisão do trabalho

A pandemia levou empresas e consumidores a adotarem rapidamente novos comportamentos digitais que provavelmente se manterão. Na verdade a pandemia acelerou as expectativas do uso da internet, trouxe de imediato um avanço no uso de ferramentas virtuais, e promoveu em poucos meses expectativas que eram de anos. Muitos daqueles que eram receosos de usar a internet se viu nela o único meio de continuar a empreender. Notadamente os principais avanços de curto prazo foram; O trabalho remoto via home office, o comercio eletrônico de bens e serviços, a automação do ensino, que doravante tende a ser hibrido, a telemedicina, e a expansão do mercado de TI em si, na qual só não tem um ritmo mais acelerado pela falta de profissionais técnicos em desenvolvimento e programação.  Os ciberespaços de seminários, congressos e as reuniões de trabalho também continuarão em expansão, embora com menos intensidade do que no pico da pandemia, essa forma de comunicação tornou-se praxis no dia a dia das empresas, ongs, comunidades e pessoas.

O trabalho presencial sofreu uma mudança particularmente dramática.

Mesmo considerando que tecnicamente; O atendimento, as negociações comerciais, a supervisão da eficácia, as sessões de brainstorming, a produção, e o fornecimento de feedback, são alguns dos exemplos das atividades que perdem alguma eficiência quando realizadas remotamente, o impacto mais marcante é óbvio do COVID-19 na força de trabalho foi o aumento de pessoas trabalhando remotamente.

Analisando apenas o trabalho remoto que pode ser feito sem perda de produtividade, a economista Susan Lund, diretora do McKinsey Global Institute calculou que cerca de pelo menos 20 por cento da força de trabalho nas economias avançadas continuarão a trabalhar em casa entre dois e três dias por semana. Isso representa quatro vezes mais trabalho remoto do que antes da pandemia e pode levar a uma grande mudança na economia e comércios das cidades, à medida que indivíduos e empresas mudam dos centros das cidades e se fixam em suas casas, a demanda por restaurantes, locações de imóveis e compra de varejo em áreas centrais conseguintemente irão diminuir, sem falar é claro no risco da redução dos próprios salários destes trabalhadores remotos.

Algumas empresas já estão mudando para espaços de trabalho menores e flexíveis após experiências positivas com trabalho remoto durante a pandemia, uma mudança que reduzirá o espaço geral de que precisam e trará menos trabalhadores para os escritórios a cada dia. Uma pesquisa com 278 executivos realizados pela McKinsey GI em fins de 2020 descobriu que, em média, a maioria deles já pensavam em reduzir o espaço do escritório em até 30 por cento. Além do trabalho remoto a redução dos espaços físicos empresarias se justificam em virtude do aumento das contratações da mão de obra freelancer e da terceirizações de serviços logísticos e administrativos da empresa.

O trabalho remoto prejudica as viagens de negócios, tornando-se corriqueiro o uso extensivo de videoconferência durante a pandemia, isso deu início a uma nova aceitação das reuniões virtuais de negócios , simpósios, conferências, cursos e até feiras on line  entre  outros aspectos da extensão do trabalho. Embora as viagens de lazer e turismo devam se recuperar após a crise sanitária, a prática de viagens de negócios tendem a tomar outra rota. A  McKinley GI também na pesquisa que envolveu 300 das grandes empresas globais, estimou que cerca de 30% viagens de negócios se tornaram obsoletas para esses empresários , e esse é o segmento até então  mais lucrativo para as companhias aéreas. Isso terá efeitos significativos sobre o emprego nos setores aero comercial, aeroportos, agências de viagens, hotelaria. As viagens de lazer, por outro lado, podem atingir níveis pós-Covid-19 muito mais altos do que os níveis pré-pandêmicos, à medida que a família e os amigos que não se vêem há mais de um ano se reúnem novamente.

As habilidades dos trabalhadores de escritórios que hoje ofertam 32% das vagas de trabalho no globo, também serão bastante diferentes nos próximos anos. Por exemplo, entre as ocupações de hoje, esse profissional executa o atendimento, o trabalho manual e as habilidades cognitivas básicas (recebimento, processamento e acompanhamento de dados), atividades essas que hoje ocupam quase a metade do tempo nos serviços de escritórios. Provavelmente o sistema informatizado em uso precisará de muito menos desse trabalho no futuro, já que a automação de processos robóticos auto geridos e tecnologias inovadoras relacionadas podem ainda automatizar muito esse trabalho e fazê-lo mais rápido e eficiente. O que equivale a dizer que esse trabalho precisará de pessoas com conhecimentos nas habilidades emocionais (liderança, capacidade de decisão e avaliação rápida ) e nas habilidades tecnológicas ( conhecer, programar e fazer usos de vários programas , interagir com a tecnologia de forma eficaz). Esses novos requisitos de competências estima-se que já sejam necessárias para cerca de 50% das novas vagas para esse setor nos próximos anos. Para manter esses empregos ao longo do tempo, os trabalhadores de escritórios (públicos, privados ou particulares) também precisarão desenvolver sua capacidade de se adaptarem e adquirir conhecimentos novos de aprendizagem ao longo da vida, dado o ritmo crescente de mudança tecnológicas.

O comércio eletrônico e outras ferramentas virtuais ainda estão em pleno crescimento

Muitos consumidores descobriram a conveniência do comércio eletrônico e de outras atividades online durante a pandemia. Em 2020, a participação do comércio eletrônico cresceu duas a cinco vezes a mais naquele ano comparado com as  taxas de anos antes do COVID-19 . Aproximadamente três quartos das pessoas que usaram os canais digitais pela primeira vez durante a pandemia dizem que continuarão a usá-los , de acordo com  pesquisas da McKinsey Consumer Pulse feita  globalmente.

Outros tipos de transações digitais e serviços virtuais, como telemedicina, banco online, entretenimento de streaming e jogos,  e-commerce variados e,  ensino on line  também decolaram no rastro do covid e já passaram do ponto do não retorno. As consultas médicas on line conforme dados da Practo, uma empresa de telemedicina sediada na Índia, cresceram globalmente mais de cinco vezes entre abril e novembro de 2020 . Todas essas práticas virtuais podem diminuir um pouco com a reabertura das economias, mas provavelmente continuarão a crescer e jamais retornaram aos níveis de envolvimento interpessoais observados antes da pandemia, o que significa que neste boom, novas oportunidades são abertas quando outras são encerradas. Essa mudança para as transações digitais impulsiona o crescimento nos trabalhos de entrega, embalagem, transporte e depósito, nos EUA esse setor já cresceu 15% . Na China, os empregos em venda de comércio eletrônico, entrega. Marketing e mídia social aumentaram em mais de 5,1 milhões durante o primeiro semestre de 2020.

Entre outras tendências no mercado de trabalho para um futuro de médio prazo provocadas pela COVID-19, vale ressaltar que virou ponto de pauta nas grandes empresas o  impulsionamento   da automação. Outra vertente é o aceleramento do uso de tecnologias de  IA (inteligência artificial), nos meios produtivos, no auto atendimento e em escritórios.

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