A OMS CONCLAMA POR UMA SOLIDARIEDADE GLOBAL CONTRA A PANDEMIA

A DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL DAS VACINAS NO GLOBO PODE PRODUZIR NOVAS VARIANTES DA COVID

A principal arma para combater o vírus é a vacina, pessoas imunizadas evitam adoecimentos e mortes, “Mesmo com o surgimento de novas variantes, as vacinas continuam sendo uma das ferramentas mais eficazes para proteger as pessoas contra doenças graves e morte por SARS-COV-2”, afirma a Dra. Mariângela Simão, Subdiretora Geral da OMS (Organização Mundial de saúde). Ela também afirma que não basta também imunizar uma parte das populações do globo, “A pandemia é global. Não estaremos seguros até que todos estejam seguros. As novas variantes surgem em contaminação do vírus em pessoas não vacinadas ou parcialmente imunizadas que fazem o vírus circular.”

Desde o início da vacinação a OMS vem alertando aos governos de todos os países, sobre a necessidade de solidariedade entre os nações na vacinação em massa como forma de pôr fim a pandemia. E neste dois anos o balanço que se faz é que os esforços para se atingir uma meta de 70% da população vacinada, tem se esbarrado naquilo que comumente vem sendo chamado de “nacionalismo vacinal”.

Somente 58,8% da população mundial recebeu uma dose da vacina anti Covid-19. Totalizando 9,33 bilhões de doses que já foram administradas globalmente, e 30,42 milhões agora são administradas a cada dia. Apenas 8,8% das pessoas em países de baixa renda receberam uma dose. Esses dados da Our World in data, que monitora os dados diários- globais da pandemia, em seu relatório diário de 07 de janeiro de 2022, demonstra com exatidão as desigualdades colocadas no processo de imunização das pessoas, onde populações já tem acesso a uma terceira dose e outras que ainda não tomaram a primeira dose, se tivesse tido uma divisão equitativa, pelo número de vacinas aplicadas já era para todos da população global terem tomadas pelo menos a primeira dose, fato que não aconteceu devido a um nacionalismo vacinal, que tenta se justificar no surgimento de novas variantes.

Na verdade os países desenvolvidos em especial os G7 até o momento tiveram a oportunidade e demonstraram pouca solidariedade global no combate a pandemia do COVID-19, fora de seus territórios nacionais, tornando o projeto internacional de acesso à vacina COVAX da OMS uma proposta em segundo plano. Com os governos sob imensa pressão para garantir vacinas COVID-19 para todos os seus cidadãos, assumir uma posição global de solidariedade pode nem sempre ser a escolha mais fácil ou mais popular. Porém o nacionalismo vacinal em qualquer forma deve cessar, em um mundo onde um terço ainda não se vacinaram com a primeira dose, existem países que falam em 4º dose. Ao restringir os suprimentos globais já limitados, essas práticas colocam as doses ainda mais fora do alcance daqueles que mais precisam e, assim, colocam todos em risco ao permitir que o vírus continue a se espalhar e sofrer mutações. “Alfa, Beta, Delta, Gama e Ômicron refletem que, em parte por causa das baixas taxas de vacinação, criamos as condições perfeitas para o surgimento de variantes do vírus.’ Passados dois anos de pandemia a solidariedade global em vacinas não é apenas moralmente correta, mas também oferecerá a maneira mais rápida de encerrar a crise e colocar as vidas de volta á sociabilidade necessária e as economias no caminho da recuperação.

A meta da OMS de que 70% da população global esteja vacinada com pelo menos uma dose em meados de 2022, dificilmente pelo andar das coisas será atingida, a comunidade europeia prometeu 700 milhões de doses a serem doadas até meados de 2022, os Estados Unidos oficializou a doação de metade do previsto, ou seja  500 milhões de doses para até meados de 2022, pois o governo  Joe Biden tem priorizado vacinar os cidadãos americanos com a terceira dose. Até o momento os Estados Unidos doaram em 2021, 350 milhões de doses, quantia considerada insuficiente pelo próprio presidente Joe Biden que acha ser possível os EUA elevar a sua meta de doação desde que os laboratórios colaborem.  A china que ficou de quebrar as suas patentes e auxiliar os governos de nações de média renda a fabricarem o imunizante ainda não caminhou para esse sentido sendo exceção o acordo para a produção do Coronavac no Brasil. A situação global não é mais drástica pois a Índia, Rússia e Cuba produzem suas vacinas, Cuba aliás dá exemplo de nação solidária, fazendo doação direta de suas doses excedentes!

Nesta corrida vacinal todo tempo conta

COVAX

O Covax Facility é uma aliança internacional conduzida pela OMS, entre outras organizações, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento e a produção de vacinas contra a Covid-19 e garantir o acesso igualitário à imunização em todo o mundo. Mais de 150 países aderiram à iniciativa, as vacinas aprovadas pelo OMS para o consórcio estão aptas a entrar em qualquer pais signatário sem necessidade de autorização ou registro das autoridades locais.

A COVAX representa uma maneira viável de alcançar uma distribuição equitativa das vacinas. Em 2021 a COVAX conseguiu comprar e distribuiu as primeiras 1,3 bilhão de doses para pessoas em 92 países de baixa renda que, de outra forma, não teriam condições de pagar.

Isso significa que, mesmo em um mundo com oferta limitada, o consorcio COVAX permanece no caminho certo para cumprir seu papel. Mas, embora isso seja uma boa notícia, a velocidade de acesso é fundamental – e o mundo poderia agir ainda mais rápido. Em particular, os países de renda mais alta podem ajudar a acelerar a distribuição equitativa de vacinas, , comprando vacinas, doando dinheiro e quaisquer doses excedentes que possuam para a COVAX.

A COVAX visa buscar que governos trabalhem juntos em vez de buscar acordos bilaterais com empresas farmacêuticas, com isso os governos podem reduzir a pressão imediata sobre o fornecimento global de novas doses. Isso permitirá que aqueles que mais precisam de uma vacina sejam priorizados e evitar uma repetição do que aconteceu na pandemia de gripe suína H1N1 de 2009, quando as vacinas foram vendidas pelo lance mais alto. Até o momento a OMS autorizou o uso de 9 vacinas, e importante notar que as vacinas chinesas, a russa e cubana, não estão entre estas as listadas ou usadas no consorcio COVAX da OMS, mas as suas aplicações são contabilizadas no placar global de vacinação.

Com a decisão da União Europeia e Americana de garantirem 1,3 bilhões de doses até meados de 2022, A COVAX precisa urgentemente de uma infusão maciça de recursos e parceiros para fazer frente a uma demanda que pela OMS seriam necessárias de 12 bilhões de doses para pôr fim a pandemia, a diferença entre essa necessidade e a disponibilidade mostra o quão grande é a lacuna.

A covid já nos ensinou neste período, que uma única dose da vacina protege o organismo no máximo por 6 messes, e que doses de reforços são necessárias, devido a essa constatação, muitos especialistas criticam a OMS por ter mantido essa meta de 12 bilhões de doses, considerada baixa por eles para por fim a pandemia. De concreto toda essa discussão só reforça a necessidade de ampliação da solidariedade internacional e local, com as pessoas se imunizando para se protegerem a si e a seus semelhantes e a todos no planeta..

Diretor Geral da OMS – “O nacionalismo das vacinas
não ajuda em nada”

O Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, há tempos já vem afirmando que  “O nacionalismo da vacina COVID-19 é prejudicial para todos”,  e a “fraca cooperação entre as nações é a principal barreira para alcançar a vacinação mundial na escala necessária para acabar com a pandemia do coronavírus” . Abaixo trechos de seu discurso de abertura do Diretor-Geral da OMS na coletiva de imprensa sobre COVID-19 – 6 de janeiro de 2022.

“O amanhecer de um novo ano oferece uma oportunidade de renovar nossa resposta coletiva a uma ameaça comum.

Espero que os líderes globais que demonstraram tal determinação em proteger suas próprias populações estendam essa determinação para garantir que o mundo inteiro esteja seguro e protegido. E essa pandemia não vai acabar até que façamos isso!

Na semana passada, a OMS pediu a todos que fizessem uma resolução de ano novo para apoiar a campanha de vacinação de 70% das pessoas em todos os países até meados de 2022. E, além disso, para garantir que tratamentos inovadores, bem como testes confiáveis, estejam disponíveis em todos os países.

Para encerrar o estágio agudo da pandemia, as ferramentas altamente eficazes que a ciência nos deu precisam ser compartilhadas de forma justa e rápida com todos os países do mundo.A iniquidade da vacina e da saúde em geral foram as maiores falhas do ano passado.

Embora alguns países tenham equipamento de proteção individual, testes e vacinas suficientes para estocar durante esta pandemia, muitos países não têm o suficiente para atender às necessidades básicas ou metas modestas, com as quais nenhum país rico ficaria satisfeito.

A iniquidade da vacina é uma assassina de pessoas e empregos e prejudica a recuperação econômica global.

Alfa, Beta, Delta, Gama e Omicron refletem que, em parte por causa das baixas taxas de vacinação, criamos as condições perfeitas para o surgimento de variantes do vírus.

As vacinas de primeira geração podem não interromper todas as infecções e transmissão, mas permanecem altamente eficazes na redução da hospitalização e da morte por esse vírus.

Assim, além da vacinação, medidas sociais de saúde pública, como o uso de máscaras bem ajustadas, o distanciamento, evitando aglomerações e melhorando e investindo em ventilação, são importantes para limitar a transmissão.

No ritmo atual de implantação da vacina, 109 países perderiam a vacinação total de 70% de suas populações até o início de julho de 2022.

A essência da disparidade é que alguns países estão se movendo no sentido de vacinar os cidadãos pela quarta vez, enquanto outros nem mesmo tiveram abastecimento regular suficiente para vacinar seus profissionais de saúde e aqueles em maior risco.

Reforço após reforço em um pequeno número de países não acabará com uma pandemia enquanto bilhões permanecerem completamente desprotegidos.

Mas podemos e devemos dar a volta por cima. No curto prazo, podemos encerrar o estágio agudo desta pandemia enquanto nos preparamos agora para os futuros. 

Em primeiro lugar, devemos compartilhar efetivamente as vacinas que estão sendo produzidas.

Ao longo da maior parte de 2021, esse não foi o caso, mas no final, a oferta aumentou.

Agora é crucial que os fabricantes e os países doadores de doses compartilhem os cronogramas de entrega com antecedência, para que os países tenham uma preparação adequada para implementá-los com eficácia.

Em segundo lugar, vamos adotar uma abordagem do tipo ‘nunca mais’ para a preparação para a pandemia e a fabricação de vacinas, de modo que, assim que a próxima geração de vacinas COVID-19 estiver disponível, elas sejam produzidas de forma equitativa e os países não tenham que implorar por recursos escassos.

Alguns países forneceram um plano de como vacinas de alta qualidade e outras ferramentas de saúde podem ser produzidas em massa com rapidez e distribuição eficaz. E agora precisamos desenvolver isso.

A OMS continuará a investir em centros de fabricação de vacinas e a trabalhar com todos e quaisquer fabricantes que estejam dispostos a compartilhar know-how, tecnologia e licenças.

Sinto-me encorajado por algumas das vacinas atualmente em teste, nas quais os inovadores já se comprometeram a renunciar a patentes e compartilhar licenças, tecnologia e know-how.

Isso me lembra de como Jonas Salk não patenteou sua vacina contra a poliomielite e, com isso, salvou milhões de crianças da doença.

Também vamos investir e construir a saúde pública e os sistemas de saúde de que precisamos, com forte vigilância, testes adequados, uma força de trabalho de saúde fortalecida, apoiada e protegida e uma população global com poder, engajamento e capacitação.

E, finalmente, apelo aos cidadãos do mundo, incluindo a sociedade civil, cientistas, líderes empresariais, economistas e professores, para exigir que governos e empresas farmacêuticas compartilhem ferramentas de saúde globalmente e ponham fim à morte e destruição desta pandemia.

Precisamos da igualdade de vacinas, igualdade de tratamento, igualdade de teste e igualdade de saúde e precisamos de suas vozes para impulsionar essa mudança.’

Referências:

OMS

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