DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As doenças cardiovasculares matam por ano 20 milhões de pessoas

As doenças cardiovasculares a décadas continuam a ser a causa nº 1 de mortalidade e não só nos países desenvolvidos, mas no mundo , porém as práticas de hábitos saudáveis  podem ajudarmos a mudar estas estatísticas.

Neste momento, estamos todos focados e preocupados com a COVID-19. Mas a COVID-19, atualmente, provocou cerca de um milhão de mortes e ao fim de um ano atingirá, talvez, um milhão e meio de mortes. As doenças cardiovasculares matam, por ano, 20 milhões de pessoas. O nosso enfoque deve ser a COVID-19, mas há outras doenças que continuam a existir e é essencial continuarem a ter a nossa atenção e o nosso foco, porque se desfocarmos é muito complicado. As pessoas têm que continuar a ir procurar ajuda, confiar que o nosso sistema neste momento tem caminhos paralelos para evitar que haja cruzamento com pessoas infetadas com COVID-19. As outras doenças não ficam entre parênteses.

Quais são os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares?

A hipertensão é um fator de risco de base, muito particularmente no caso do AVC (Acidente Vascular Cerebral) e é uma situação ainda incompletamente controlada no mundo. Um dos aspetos que contribui muito para isso é o excesso de consumo de sal. Nós consumimos uma quantidade absurda de sal em Portugal em relação às recomendações da Organização Mundial da Saúde. Por outro lado, muitos doentes hipertensos sabem que têm hipertensão, e até estão medicados, mas mesmo assim não estão controlados. Além disso, cada vez mais aparecem novas informações no sentido de baixar os valores de tensão arterial tidos como normais

Há outros problemas também . Felizmente que os hábitos de tabaco na nossa população não são tão grandes como noutros países da Europa. Mas, apesar de tudo, preocupa-me porque vejo muitos jovens a fumar, sobretudo raparigas. Além disso, estão a aparecer alternativas aos cigarros tradicionais, como os cigarros eletrónicos. Não sabemos ainda muito bem que impacto é que têm nas doenças cardiovasculares, mas já se sabe que há casos descritos de doenças respiratórias graves associadas aos cigarros eletrónicos. Ou seja, a mensagem  é que a medida eficaz para combater o tabagismo é mesmo deixar de fumar.

Entre outros fatores de risco destaca-se o colesterol elevado, que tem um peso brutal em relação, por exemplo, ao enfarte do miocárdio. Mas houve grandes progressos, já há medicamentos que ajudaram muitíssimo, sobretudo as estatinas, que revolucionaram completamente o panorama da prevenção cardiovascular, sobretudo nas pessoas que já tiveram problemas cardiovasculares. Outro aspeto a ter em conta é o controlo da diabetes. O diabético tem sempre três a cinco vezes mais risco de doença cardiovascular que outra pessoa.

O impacto da adoção de um estilo de vida saudável é mensurável?

Houve um estudo publicado há dois anos nos Estados Unidos da América, em que pessoas, aos 50 anos, um grupo enorme, adotaram cinco medidas de estilo de vida saudável. Combater a obesidade, ter uma alimentação saudável, fazer exercício físico regularmente, não fumar, não consumir bebidas alcoólicas em excesso. Em comparação com as pessoas que não adotaram estas medidas, e no caso das mulheres, verificou-se um prolongamento de mais 14 anos de vida. No caso dos homens houve um acréscimo de 12 anos de vida – porque os homens morrem mais cedo do que as mulheres. Ou seja, há mais de uma dezena de anos de vida que se ganham quando a pessoa adota um estilo de vida saudável e numa altura de vida que é critica, os 50 anos.

A adoção de um estilo de vida saudável é, então, uma medida essencial?

É preciso chamar a atenção para as doenças cardiovasculares e que são terríveis, sim. Mas estamos cá para dar esperança, através dos tratamentos e da prevenção. Contudo, mais ainda, queremos estar antes disso, o que passa pela adoção de estilos de vida saudáveis. E, por tudo isto, chamamos a este Dia Mundial do Coração o «Dia da Boa Onda», a boa onda física, intelectual, mental, emocional. Essa «boa onda» é uma onda que ajuda a saúde cardiovascular. .

É muito importante sublinhar que adotar hábitos de vida saudáveis é sempre útil em qualquer fase da vida, mesmo que a pessoa já tenha tido um enfarte ou um AVC, dá sempre valor acrescentado. A grande mensagem que estamos a lançar no Dia Mundial do Coração é que o estilo de vida saudável por si só tem um impacto extraordinariamente importante na saúde cardiovascular.

é prolongar a sobrevivência, que os eventos ocorram mais tarde, ganhar anos de vida e qualidade de vida. Essa análise dos anos de vida e da qualidade de vida é muito importante.

Adotar hábitos de vida saudáveis é sempre útil em qualquer fase da vida, mesmo que a pessoa já tenha tido um enfarte ou um AVC, dá sempre valor acrescentado

Estilo de vida saudável em 4 conselhos;

O médico cardiologista Victor Gil deixa as seguintes recomendações que devem ser, sublinha, adotadas desde a juventude.

Não fumar «O primeiro conselho de todos é de facto não fumar, desencorajar os jovens a começar a fumar, lançar muito esta mensagem para os miúdos de “nunca comeces a fumar” porque uma vez depois de começar é muito mais difícil parar”. E isto aplica-se não só em relação às doenças cardiovasculares, mas também em relação ao cancro, particularmente o cancro do pulmão.»

Fazer exercício físico;

Nos hábitos de exercício físico o seculo XX estava muito mal classificado, junto com a tecnologia adveio o sedentarismo.

A prática de atividade física é, sem dúvida, essencial para aumentarmos nossa qualidade de vida. Inúmeros estudos demonstram como a prática frequente de atividade física evita doenças e melhora, até mesmo, nossa disposição para a realização de nossas atividades diárias. Não é preciso pensar que tem que ir para um academia todos os dias . Basta andar 30 minutos por dia a um passo relativamente acelerado e se não conseguir todos os dias, três vezes por semana, é o mínimo dos mínimos. O ideal seria andar uma hora todos os dias e isso tem um impacto fantástico na prevenção cardiovascular.

Ter uma alimentação saudável

É fundamental procurar ter uma alimentação com poucas gorduras, poucos hidratos de carbono, incluindo o açúcar, e pouco sal.  Temos um litoral imenso, incluir o  peixe na alimentação, comer frutas e vegetais frescos, legumes, reduzindo o excesso de frituras e fast food, ingerir sucos naturais e água no dia a dia. É só uma questão de saber dosar as coisas.

Controlar os fatores de risco;

Se tem fatores de risco tem de os controlar muito bem, particularmente o colesterol e naturalmente a hipertensão, ver como estão as coisas e controlar. Prevenir a obesidade, mantendo um peso saudável, também é essencial. Mas o controle deve ser feito desde cedo, não é fazermos aquilo que nos apetece até aos 50 anos e depois é que vamos corrigir. Além disso, se esses fatores de risco incluem a diabetes, tem de se ter muito cuidado porque este é um grande problema de saúde pública., associada à obesidade abdominal, à falta de exercícios físicos.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *