A MEDICINA EM MINAS GERAIS

 

A assistência hospitalar à população brasileira, desde o início da colonização até 1800, era oferecida basicamente pelas irmandades de Santas Casas de Misericórdias, entidades estas vinculadas a igreja católica onde o que prevaleciam eram as ações dos voluntários cirurgiões práticos jesuítas ou por instituições militares através dos cirurgiões barbeiros. Prevalecia o saber popular e suas crendices contra o saber erudito, já que somente aos médicos formados em Coimbra podiam operar e ministrar remédios, sendo que estes nos três primeiros séculos de dominação não passaram de um pouco mais de uma centena de médicos que para cá vieram.

Em Minas Gerais por volta de 1740 já existia em Vila Rica dois hospitais, o Hospital Real, e como o próprio nome já diz atendia quase que em exclusividade os membros da monarquia, e os militares, ficando a maior parte da população para serem atendidos pelo hospital da Misericórdia criado em 1730 e mantido pela igreja que era insuficiente para atender os inúmeros casos de enfermidades na capitania mineira. É importante salientar que Vila Rica (Ouro Preto) na época era a maior cidade do continente e contava com cerca de 45 mil habitantes, a população de Nova York então era de menos da metade desse número e a população de São Paulo não ultrapassava 10 mil, é bom lembrar também que a cidade era muito maior e englobava as atuais Congonhas, Ouro Branco e Itabirito. Além dos moradores da cidade vizinha de Mariana, que buscavam em Vila Rica o atendimento.

A partir de 1759 a ordem dos jesuítas são expulsos do Brasil e, grande parte do espólio hospitalar destes são repassados para as forças armadas, em Vila Rica no entanto o atendimento médico feitos por doutos práticos vinculados ao samaritaníssimo da Igreja Católica não parou. Na verdade a maioria da população teria que dispor de dinheiro para cuidar da saúde, e estes que tinham condições procuravam médicos como o famoso Dr. Gervásio Lara ou se dirigiam a corte no Rio de Janeiro, ou até a outros profissionais locais de saúde da época como os práticos, tiradentes, enfermeiros, parteiros e boticários que detinham um certo conhecido capaz de levar a cura de certas doenças. Os demais da população que não possuíam condições de pagar, procuravam se curarem no meio de charlatões como curandeiros e sangradores, de fato a maioria viviam sem de uma assistência medica devida, ou seja as populações mais pobres eram totalmente desassistidas. A falta de atendimento médico da população em geral era intenso, com condições de recuperação precárias, “ao trabalhador das minas e ao garimpeiro ainda tentavam se recuperar a saúde”, já os escravos e os índios estes “nunca tiveram acesso ou direito a tratamentos ou medicamentos, se tratavam exclusivamente pelo curandeirismo ou fé” , como afirmou o médico Vieira de Carvalho chefe do Hospital Real militar de Vila Rica. Somente com a Inconfidência Mineira(1789), houve a primeira tentativa de criação de um hospital público financiado pelo Estado e, de um curso para formação de médicos em Minas Gerais que constava nos planos dos inconfidentes. Com a derrota do movimento, estes propósitos não se concretizaram (CORRÊA, 1997)

Esta situação perdurou até o século XIX, os seja, os médicos formados em escolas eram uma elite muito pequena, composta de portugueses e outras nacionalidades europeias, a maioria que exerciam a “arte de curar”, fosse cirurgiões, barbeiros e boticários e etc, aprendiam seu ofício na prática, tendo como mestre um médico ou cirurgião já habilitado que não necessariamente era um médico. Para garantirem o direito de exercerem a medicina estes prestavam exames diante das autoridades sanitárias, quando obtinham a “carta de examinação”. Esses testes para obter a licença no Brasil se davam nos hospitais das Santas Casas das Misericórdias ou nos Hospitais Militares, ou ainda nas residências dos mestres cirurgiões existentes nas principais cidades e vilas.

Diante da situação precária da saúde em Minas Gerais, o Governador da capitania Conde de Sarzedas em 1797 solicitou ao Vice Rei do Brasil, o Conde de Resende a criação em urgência de um curso de Medicina, a fim de preparar novos profissionais competentes que pudessem suavizar o sofrimento da população. Em 1801 O Conde de Resende que governava o Brasil colônia negou a criação da escola de medicina, mas emitiu cartas régias para a autorização de cursos isolados de Obstetrícia, Cirurgia e Anatomia, que foram lecionados em Vila Rica a partir desta data pelos cirurgiões Mor do Hospital militar, Antônio José Vieira de Carvalho e Antônio José Vieira de Menezes. Com a chegada em 1808 do rei Dom João e sua corte e, a elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal, este revoga a proibição de aqui não poder ter escolas médicas e autoriza a criação das duas primeiras escolas de medicina do Brasil, a escola de medicina de Salvador e do Rio de Janeiro

Nova tentativa de formar médicos para suprir a demanda em Minas Gerais só ocorreu, por ocasião da Assembleia Constituinte de 1823, nesta foi apresentado o projeto de uma universidade de medicina na província mineira, pelo constituinte Lúcio Soares Teixeira, que deveria ser sediada na cidade mineira de Mariana por ser “populosa e a mais polida “. Contudo, a Assembleia foi dissolvida pelo Imperador D. Pedro I que temia que seus resultados colocassem em xeque a monarquia e, esta escola médica não foi implantada (Lobo 1967)

Em 28 de janeiro de 1829, diante da calamidade o Governador da Província de Minas Gerais, Sr. Joao Mendes Ribeiro contratou três doutores “proprietários de instrumentos hospitalares” e alguns ajudantes substitutos para virem morar na cidade de Ouro Preto e, repassar seus conhecimentos a quem tivessem interesse já que continuavam a faltar médicos na província mineira. Somente com a lei provincial nº 140 de 1839, se deu origem à segunda instituição formal e regular de ensino na área médica em Minas Gerais, a Escola de Farmácia de Ouro Preto, a primeira escola de farmácia da América do Sul.
Com a proclamação da República em 1889, as discussões relativas à criação de uma escola livre de medicina em Minas Gerais voltaram à tona. A partir da Constituição de 1891, ficou estabelecido um sistema educacional descentralizado, aos Estados seriam permitidos organizarem os seus sistemas escolares completos. Nesse contexto, a partir do início do século XX, vários cursos de ensino médico de nível médio e superior surgiram nas capitais, principalmente de farmácia e de odontologia.

Santa Casa de BH um marco Hospitalar na Medicina de Minas Gerais

    Até o final do século XIX, o problema principal no que tange a saúde da população mineira eram as epidemias, principalmente varíola e a febre amarela que sempre acometiam as populações. Neste contexto a cidade “Capital de Minas” durante as suas obras de construção em 1896 os trabalhadores sofreram uma epidemia da febre amarela e neste ano Aarão Reis convocou o médico Cicero Ribeiro Ferreira que era o primeiro médico a habitar Belo Horizonte , que aqui chegou no extinto Curral Del Rey 1894,no dizer de Pedro Nava Cicero era : “Sempre ele o primeiro médico primus inter pares” que se tornou reconhecido como médico na cidade , por ter improvisado um hospital para isolamento destes doentes nas terras do Conde de Santa Marinha, a sala de atendimento e as enfermarias de internação foram feitas pelos próprios trabalhadores e enfermos, foram construções de pau a pique.

Também por iniciativa do “Senhor doutor Cicero”, Emídio Germano e Manuel Marques Leitão foi criada em 10 de abril de 1898 a “Associação Humanitária da Cidade de Minas” presidida por Adalberto Ferraz, que seria o embrião da Santa Casa , em 1899 através desta associação foi inaugurado os atendimentos médicos da Santa Casa , com suas instalações(pavilhões) feitos de madeiras com divisórias de lonas, ai surgiu efetivamente o primeiro hospital da cidade, que levou o apelido de “Hospital –Barraca” , na verdade o fato que acelerou a construção do Hospital da Santa Casa foi que neste ano de 1899 a cidade de Santos sofreu um surto de peste bubônica, diante disto e com medo que a peste chegasse até aqui que se construíram as presas o Hospital Barraca sob a supervisão do Coronel Francisco Bressane . No ano seguinte em 1900 o então prefeito da capital Adalberto Ferraz liberou o dinheiro para a associação edificar no local as obras do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte que teve seu primeiro prédio inaugurado em 1 de janeiro de 1903. Os seus precursores clínicos foram os doutores Cícero Ferreira, Olyntho Meirelles, Salvador Pinto e Benjamin Mosse e o cirugião Cornelio Vaz de Melo , e posteriormente os cirurgiões Borges da Costa e Hugo Werneck .

    É importante frisar que com a mudança da capital para a Belo Horizonte em 1897 todo o corpo clinico e cirúrgico da polícia militar também foi transferido para a capital sendo que estes atendiam a tropa aquartelada em um espaço médico que funcionava dentro prédio do quartel Geral do Batalhão de Guardas, situado no bairro de Santa Efigênia.

Escola de Medicina de Belo Horizonte: um impulso ao progresso médico no Brasil

    Em 1902, a “Sociedade de Medicina, Cirurgia e Farmácia de Ouro Preto” recém transferida de Ouro Preto para BH, foi rebatizada de Sociedade de Medicina, cirurgia e farmácia de BH formou uma comissão com o intuito de promover a implantação de uma escola livre de medicina na capital. A comissão contou com o apoio do então Presidente do Estado, o médico Francisco Silviano Brandão. Durante o mês de julho, foi convocada uma reunião na sessão da Câmara Federal dos deputados solicitada pelos membros desta comissão, na qual foi apresentada a proposta pelo farmacêutico Aurélio Pires, de transferência da Escola de Farmácia de Ouro Preto para a nova capital. No entanto, o falecimento do Presidente do Estado Francisco Silviano Brandão, em setembro de 1902, provocou o esvaziamento da Sociedade de Medicina e desmobilizaram esse movimento em torno da criação de uma escola de medicina na cidade (PIRES, 1927)

    A eleição de Afonso Penna para vice-presidente da República (1906) e a fundação da Escola Livre de Odontologia de Belo Horizonte criada na reunião com uma dezena de dentistas na casa do protético Manuel Teixeira de Magalhaes em 1907, deram novo incentivo ao projeto de criação de um curso de ciências médicas em BH. Neste mesmo ano, Afonso Pena fez um apelo aos fundadores da Escola de Odontologia, no sentido de ampliar a ideia para uma escola livre de medicina e cirurgia na capital. Contudo, Fernando de Carvalho Soares, político e desafeto de Afonso Pena e um dos fundadores da Escola Livre de Odontologia, discordou, alegando que a recém-criada capital mineira não tinha os elementos indispensáveis para realização dos estudos médicos, além do que sua população ainda era ainda pouco expressiva e que a região de Ouro preto e Mariana e que deveriam sediar uma nova futura faculdade.

    Em 1908, recém chegado em BH, Dr. Alfredo Balena estrutura a ala clinica feminina da Santa Casa com um atendimento especializada as mulheres, se tornando o chefe de serviço da Enfermaria Veiga de Clínica Médica de Mulheres da Santa Casa de B H por mais de 40 anos, até 1949. Era nesta clínica de mulheres que ocorriam os partos, já que a cidade ainda não dispunha de uma maternidade.

    Em julho de 1910, a Associação Médico-Cirúrgica de Minas Gerais, recriada neste mesmo ano a partir da antiga “Sociedade de Medicina, Cirurgia e Farmácia de Ouro Preto” e, representada pelos médicos Cícero Ribeiro Ferreira e Cornélio Vaz de Mello. Dr.Cícero Ferreira como já dito era um médico altamente popular na cidade, era o chefe da saúde pública da capital e no Brasil era reconhecido como auxiliar aos poderes públicos de diversas outras cidades na debelação de diversas doenças epidêmicas, pois havia derrotado vários surtos no Estado. Um projeto para construir uma escola de medicina na capital mineira apoiado por ele alcançou um clamor Nacional. O plano, foi submetido à uma comissão da Associação Medica constituída pelos doutores Cornélio Vaz de Mello, Hugo Eiras Furquim Werneck e Zoroastro Rodrigues de Alvarenga, sendo aprovado por consenso nesta comissão em de 15 de fevereiro de 1911. No mês seguinte A “Associação Médico -Cirúrgica de Minas Gerais” declarou, então, criada a Escola de Medicina de Belo Horizonte, na data de 5 de março de 1911, em ata assinada pelos doutores Honorato Alves, Hugo Wemeck, Zoroastro Alvarenga, Antônio Aleixo, Samuel Libânio, Ezequiel Dias, Alfredo Balena, Octavio Machado, Aurélio Pires, Cornélio Vaz de Melo, Eduardo Borges Ribeiro da Costa e Olinto Meireles. Inicialmente, a escola médica foi instalada no palacete Thibau, na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua Espírito Santo. Em 30 de julho de 1911 foi lançada a pedra fundamental de sua sede própria, localizada num terreno do Parque Municipal, cedido pela Prefeitura. No ano seguinte, a Escola foi transferida para este terreno, na Avenida Mantiqueira (atual Alfredo Balena) que pertencia ao parque municipal e na qual teve grande parte de suas terras cedido para futuras construções de diversos equipamentos públicos na área da saúde. Com a criação da Faculdade Médica na capital, Belo Horizonte começou a se preparar para a sua vocação de atendimento de excelências na área da saúde No ano de 1914, a Faculdade entrou em acordo com a Santa Casa da Misericórdia que autorizou que diversas aulas de clínicas de especialistas passaram a funcionar em seu interior, estendendo-se essa utilização até a década de 1950.

     Em 1912 a senhora Hilda Brandão organiza a “Associação Auxiliadora a maternidade” que num primeiro momento surgiu para valorização das parteiras e em um segundo movimento em conjunto com a administração da Santa Casas somaram esforços para a construção da primeira Maternidade de BH. Montada de acordo com preceitos médicos mais avançados da época, a maternidade Hilda Brandão foi o berço do curso de obstetrícia no Estado e, disponha da melhor clínica de obstetrícia do Brasil para realizações de cesarianas, e era comparada as similares as europeias. Oferecia além do serviços de ambulatório, um anfiteatro para operações e que serviu durante anos como sala de aulas e serviço próprio de anatomia patológica, na maternidade também funcionava o curso de enfermeiras-parteiras.

    Em 1920, o “Instituto de Assistência e Proteção à Infância de Belo Horizonte”, da Sociedade São Vicente de Paulo, estabeleceu um acordo com a Escola de Medicina de BH, que recebeu uma verba coletada pelos senhores Vicentinos, Furtado de Menezes e Arthur Hass juntos aos católicos e assim puderam montarem a clínica São Vicente de Paulo que posteriormente se tornaria um Hospital desta esta entidade.

    Ainda em 1920, no dia 4 de julho, foi inaugurado o Hospital São Geraldo, além da clínica geral, foi implantada as clínicas de oftalmológica e otorrinolaringológica, cujos responsáveis eram os professores da Escola de Medicina de BH os doutores Lineu Silva e Renato Machado.
O Instituto o Radium foi idealizado pelo professor da Escola de medicina de BH Eduardo Borges Ribeiro da Costa, é foi o primeiro hospital oncológico do país. A construção foi iniciada em janeiro de 1921 e inaugurada já seus atendimentos mesmo que precariamente em 07 de setembro de 1921, devido ao elevado número de diagnósticos da doença na cidade. O funcionamento regular e pleno do Instituto Radium de fato se iniciou-se em 1º de janeiro de 1923 com a inauguração dos laboratórios de curieterapia (226Rádio) e de roentgen terapia (Raios-X), o bloco cirúrgico e, um laboratório destinado exclusivamente ao diagnóstico clínico, com anatomia patológica, bioquímica e microbiologia geral.

    O Sanatório São Lucas fundado em 18 de outubro de 1922 dia do médico e do padroeiro da medicina o santo São Lucas, o sanatório de BH- hoje Hospital São Lucas era destinado a pacientes de moléstias graves e contagiosas que precisavam de um longa estadia médica para se sararem, fossem tuberculose ou outras doenças graves eram encaminhados da Santa Casa e de outros hospitais para o Sanatório, que tratava de todos os tipos de doença em geral. Desde o início o São Lucas foi um estabelecimento que recebia doentes para tratamento em convalescença e não doentes mentais, como o nome faz crer.

    Em 7 de setembro de 1922, foi fundado o Instituto de Neuropsiquiatria de Belo Horizonte, pelo primeiro catedrático de psiquiatria da Escola de Medicina de BH, o professor Álvaro Ribeiro de Barros que considerava o tratamento psiquiátrico de Barbacena inadequado e decadente, as dependências do Raul soares foram inspirado no Hospital Psiquiátrico de Frankfurt. Em 1924, em homenagem ao Presidente do Estado, falecido naquele ano, sua denominação foi mudada para Instituto Raul Soares.

Inaugurado em 1927 com a designação de Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, hoje conhecido o Centro psicopedagógico, o Hospital de Neuropsiquiatria visava prestar os cuidados às crianças portadoras de distúrbios mentais até a idade de 16 anos, bem como dar a estas o atendimento em um local próprio separado dos adultos, ao completar os 16 anos aqueles que não “saravam” eram transferidos para o Hospital Colônia de Barbacena instituído em 1903, por sete instituições que deu a fama a de Barbacena se a cidade dos loucos.

Em 6 de setembro de 1927, em decorrência de diversos problemas financeiros o Presidente do Estado, Antônio Carlos, sancionou a lei nº956 para salvar a Escola de Medicina de Belo Horizonte da falência e outras faculdades da capital mineira e, foi assim por decreto que ficou instituída a Universidade de Minas Gerais , a UMG foi formada pela união de quatro institutos de ensino superior do Belo Horizonte que passavam por dificuldades financeiras , a Escola de Medicina, a Escola de Odontologia e Farmácia de , a Escola de Engenharia e a Escola de Direito, que continuaram gozando de autonomia didática e administrativa, sendo que sua manutenção passaria a contar com o recursos do governo estadual e auxílio federal..

Em 1928, a Santa Casa da Misericórdia de Belo Horizonte implementou uma enfermaria exclusiva para as crianças, sob a chefia do professor Navantino Alves o que no ano de 1936 deu a base para a criação do curso e a formação dos primeiros pediatras mineiros que ali também estudariam.

Inaugurada em 7 de julho de 1933 a Escola de Enfermagem Carlos Chagas foi inaugurada durante o governo de Olegário Maciel que acampou a necessidade de se criar a escola defendida pelo Dr. Pedro Aleixo reitor da Escola de Medicina. A Escola, que funcionava em regime de internato, era chefiada por mulheres e destinada exclusivamente a elas. Sua primeira diretora foi a enfermeira Laís Netto dos Reys. Formada na primeira turma do curso de enfermagem em 1925 no Rio de Janeiro, que veio para Minas para se a superintende de vigilância sanitária do Estado. Lá eram oferecidos cursos voltados para Enfermagem, Auxiliares de Hospital e da Cruz Vermelha.

Em 1933, com a ditadura Vargas a Universidade de Minas Gerais, perde sua autonomia didática, econômica e sua soberania administrativa, e teve de passar por uma reorganização imposta de acordo com a lei instituída pelo decreto nº 19.851 de 1931, de Vargas. Seus estatutos originalmente elaborado pelo reitor, Lúcio dos Santos, foram então adaptados à esta legislação e a Universidade de Minas Gerais foi transformada em um estabelecimento de ensino controlado pela governo federal

o Hospital de Crianças Elvira Gomes Nogueira 1934 – sede da Faculdade Ciências Médicas de 1950-1964)……

Em 1936 o Sr. Joaquim Furtado de Menezes presidente da Sociedade São Vicente de Paulo e os médicos Hilton Rocha, Antônio Ximenes e Francisco Souza Lima, fundaram um centro de assistência social no bairro Concórdia para atenderem às viúvas e os órfãos da revolução de 1930, com a evolução das atividades laboratoriais a clínica geral e pediatria praticada no centro e com o engajamento dos médicos que ali que prestavam plantão, os doutores Baptista Rezende Alves. Dr. José Maria Carneiro, Dr. Afonso Lustosa e o Dr. Arlindo Polizzi se uniram e constituíram o Hospital São Francisco de Assis.

1937 Hospital Universitário Lançada a pedra fundamental do Hospital D. Maria Mourão Guimarães, o Hospital Universitário da UMG, criado para atender à população universitária e servir como local de estágio para os estudantes de Medicina. O nome do prédio foi uma homenagem à esposa do principal doador para a construção do ambulatório e hospital, onde atualmente funciona a Moradia dos Médicos Residentes, um anexo do Hospital das Clínicas.

Foi inaugurado em 5 de junho de 1952, mas sua constituição foi possível graças a associação civil feita em 1937 pelo empresário italiano Felice Natalie Rosso Américo Gasparini, para a criação de um hospital, gerido por uma fundação mantenedora, que guarda o seu nome: Fundação Felice Rosso. ideia que teve apoio na colônia italiana contou com a colaboração de Antônio Falci, Arthur Savassi, Vicente Longo, Enne Ciro Poni, Anielo Anastasia, Américo René Gianetti e do médico Braz Pelegrino. Assim o Sr.Felício Rocho, em 24 de março de 1937, assinou a escritura pública que instituía a Fundação Médica Felice Rosso.

Em 1944 foi construído por determinação do então prefeito da capital Juscelino Kubistchek o Hospital da Beneficência Municipal posteriormente chamado de Hospital Odilon Behrens. Este surgiu para atender os servidores da prefeitura e seus familiares, suas dependências de contribuíram para a especialização de inúmeros profissionais de saúde da Universidade de Medicina de MG.

Em 1947, o Dr. Austregésilo de Mendonça se fundou a Casa de Saúde Santa Maria, da qual foi sócio-diretor até o final da década de 1980. Atualmente denominada Santa Maria – Centro de Atenção em Psiquiatria, a instituição ainda é referência em psiquiatria no Estado de Minas Gerais e abriga o um Centro de Estudos.

Fundado em 9 de abril de 1949 pelos médicos Dr. Ajax Rabello, Dr. Sylvio Miraglia e Dr. Figueiredo Starling, o Hospital Vera Cruz nasceu com a missão de ser a época o mais moderno hospital particular de Belo Horizonte.

Com a lei federal nº 971 de 1949 que centralizou os cursos superiores, a Universidade de Minas Gerais foi transformada em definitivo um estabelecimento federal de ensino superior incluindo todas as unidades da UMG, anteriormente mencionadas neste trabalho, formando a UFMG.

Em 1950 novamente onze médicos se reúnem em Belo Horizonte para formar uma faculdade de medicina, desta vez sob a liderança do professor, obstetra, cirurgião e Ginecologista da santa casa Dr. Lucas Monteiro Machado, que liderou um grupo inicial de 10 colegas médicos atuantes na Santa Casa de Belo Horizonte e alguns inclusive professores da UFMG, que diante da carência de cursos de medicina no Estado e insuficiência de médicos em centenas de cidades mineiras decidiram ampliar essa oferta e criaram a FCM-MG ,foram eles : Affonso Silviano Brandão, Antônio Mello Alvarenga, Argeu Murta, Caio Benjamim Dias, Brasílio Rui Prates, Geraldo Queiroga, Moacyr Abreu Junqueira, José Bolívar Drumond, Paulo Souza Lima e Sálvio Nunes. Durante os 20 anos que foi diretor e professor da Faculdade de Ciências Médicas de MG Dr. Lucas Machado abriu mão de receber seus salários.

O projeto previamente estudado, discutido e esboçado pelo Dr. Lucas Machado chegou mesmo a ser levado ao a Sociedade Mineira de Cultura, órgão da Igreja católica, que apoiou a fundação da faculdade.

A primeira turma foi aberta em 1951 e diplomada em dezembro de 1956. A aula inaugural aconteceu no prédio do Hospital das Crianças Elvira Gomes, que se tornou a primeira sede da faculdade e na ocasião foi proferida a celebre frase: “quantas vezes nos reunimos armados de belos sonhos e coloridas ilusões”.

Fim da primeira parte 1900 a 1950.

autoria -José Geraldo C. Duarte

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