LONGEVIDADE SAUDÁVEL OU ENVELHECIMENTO DOENTIO

A cada ano aumenta o número das pessoas que vivem na  terceira idade (idosos). A proporção da população mundial com mais de 60 anos, dobrará até 2050, passando de 12% para 24%, totalizando cerca de dois bilhões e duzentos milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde. E, no entanto a nível global muito pouco tem se debatido ou investido para melhorar a qualidade de vida dos idosos.

Frequentemente, presume-se que o aumento da longevidade está sendo acompanhado por um bem estar. Porém mais longevidade não significa necessariamente viver com boa saúde e qualidade de vida. Apesar de todas as contribuições e ações que os idosos deram para suas comunidades e familiares, ainda existe muito estereótipo (como pensamos), preconceito (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) em relação às pessoas na terceira idade. O Ageism (preconceito de idade), tem efeitos particularmente deletérios sobre a saúde e o bem-estar dos idosos, em especial pelo fato de estigmatizar e negar a estes direito ao trabalho.   Aproximadamente 80% dos idosos acima de 75 anos vivem pelo menos uma doença crônica e a metade têm pelo menos duas, entre as mais prevalentes estão, a doença cardíaca, o câncer, a bronquite crônica, enfisema, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus e doença de Alzheimer, sendo que quase todos os adultos com mais de 80 anos têm alguma forma de osteoartrite.

Nos dias atuais conforme relatório do Fórum Econômico Mundial,” pela primeira vez na história, mesmo com a tragédia provocada pela Pandemia da covid 19, que afetou de morte desproporcionalmente os idosos, em 2020, os indivíduos com as  idades acima dos 60 anos ou mais, superaram o número de crianças com menos de cinco anos. Esses dados também devem ser combinados com as quedas nas taxas de fertilidade (os casais modernos preferem ter poucos filhos) ajudaram no aumento da proporção de pessoas com mais de 60 anos em todo o mundo.

As atuais gerações que estão envelhecendo e que nas próximas décadas terão mais de 60 anos, viveram em maioria uma vida sem cuidados preventivos e se não fossem os avanços da medicina e seus fármacos, não estaríamos hoje vivenciado esse boom de longevidade humana.

Nos países desenvolvidos a expectativa de vida já aumentou para 73 anos ou mais, em muitos países esse ganho notável se devem à melhoria da saúde pública, melhor nutrição, melhores cuidados de saúde, evolução dos conhecimentos médicos, das vacinas, dos medicamentos e, mais recentemente, ao emprego de inovações tecnológicas, exames mais completos, detecção precoce de doenças, big data e inteligência artificial e etc. Todo esse avanço é usado majoritariamente na fase adulta o que vem acarretando a longevidade, decorre que ainda os sistemas de saúde precisam se preparar com mais eficácia para responder às necessidades dos idosos. A entidades de cuidados de longo prazo (casa de repouso, asilos, etc.), na maioria são negligenciados e não estão bem integrados com os sistemas de saúde e de assistência social. O elevado número de mortes em instituições de cuidadores de longa duração devido ao COVID-19 (que variou de 40-80% em diferentes países) é apenas um indicador – embora contundente – da falta de locais seguros para idosos.

Na verdade os impactos do envelhecimento da população na sociedade vão além da saúde e da assistência social e incluem os mercados de trabalho e financeiro e a demanda por bens e serviços.

Hoje de concreto a maioria das pessoas podem esperar viver a  fase idosa.  Esse aumento na longevidade está ocorrendo em um ritmo sem precedentes e se acelerará nas próximas décadas, também nos países em desenvolvimento.

No entanto, a extensão das oportunidades que surgem com o aumento da longevidade dependerá fortemente de um fator-chave: a saúde com uma senescência normal . Apesar da previsibilidade do envelhecimento da população mundial – seu ritmo acelerado e as lacunas na longevidade saudável – a maioria dos países ainda estão longe de estarem preparados para fornecerem qualidade de vida para os idosos. Se esses anos adicionais forem dominados por declínios na capacidade física e mental, as implicações para os idosos, a sociedade e a economia serão extremante negativas. O envelhecimento das pessoas não pode ser doentio.

Neste contexto o mundo precisa mudar sua percepção do envelhecimento e investir em prevenção de saúde desde a infância, e as intervenções para manter os jovens e adultos saudáveis deve estar no centro das prioridades da medicina, que tem de ampliar o seu papel preventivo com cuidados de longo prazo, basicamente em toda as fases da vida, para que quando idosos, as pessoas possam estarem sadios e continuarem a contribuir para a sociedade.

Construção de uma sociedade para todas as idades

Com o objetivo de tentar reverter a situação do envelhecimento doentio, a ONU propôs a “Década de Envelhecimento Saudável – 2021 a 2030”, baseado em orientações  da OMS e, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, para que os governantes pensem na necessidade de inversão de ações na saúde, pois hoje os governos e sociedades tendem a valorizar os hospitais em detrimento dos cuidados de saúde primários, priorizar o tratamento em vez da prevenção, a gestão de doenças isoladas em detrimento de abordagens integradas e curas em detrimento dos pré-cuidados.

A iniciativa da ONU da ‘Década do Envelhecimento Saudável’, o debate sobre envelhecimento no Fórum Econômico Mundial, e a colocação deste tema na agenda permanente da Organização Mundial de Saúde, são iniciativas que visam alertar o mundo para essa causa, onde governos e sociedades possam agirem para melhorar as perspectivas da longevidade sadia das gerações atuais e futuras.

“Mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos em relação à idade e ao envelhecimento” esse é o eixo proposto pela ONU para governos, organizações internacionais e nacionais, sociedade civil, entidades médicas, setor privado e mídia, firmem compromissos e estimulem ações para promover uma vivencia saudável na terceira idade.

 As metas da Década do envelhecimento Saudável,  destacam propostas de transformações estruturais;

  • Combater o preconceito de idade.
  • Preparar os sistemas de saúde para fornecerem cuidados de saúde  de alta qualidade para os idosos, integrados entre provedores públicos e  privados à prestação sustentável de cuidados.
  • Integrar os setores sociais e de saúde em uma abordagem centrada na senescência da pessoa para obter melhores cuidados para os idosos.
  • Implementar serviços orientados para a manutenção e melhoria da capacidade funcional dos idosos como complemento para o alcance do envelhecimento saudável.
  • Cidades e ambientes tantos rurais como urbanos mais inclusivos com direito ao trabalho, com espaços dedicados a terceira idade, cidades com mobilidade segura, cuidados integrados centrados na pessoa.
  • Serviços primários de saúde que atendam aos idosos, assistência social e direito a aposentadoria.
  • Acesso a cuidados em lares de longa permanência de boa qualidade para idosos incapazes físicos ou mentais.
  • Incentivo as ciências e as pesquisas biomédicas, da medicina geriátrica, da gerontologia, farmacológicas, tecnológicas e de Inteligência.

Envelhecer e adoecer sempre andaram juntos, as pessoas não sua imensa maioria achavam ( acham) normal a velhice ser doentia, e os esforços antienvelhecimento costumavam se concentrar em estender a expectativa de vida, de um corpo fragilizado e sem imunidade, mas hoje, o anti-envelhecimento significa preparar e cuidar das pessoas para viverem uma vida mais longa, saudável e fisicamente ativa, permitindo uma vida independente.

Na verdade nos países de primeiro mundo o que já se verifica é o uso da tecnologia de ponta para o diagnóstico e prevenção dos efeitos negativos congênitos na saúde do envelhecimento, com sistemas de inteligência artificial analíticos ​​para rastrear a taxa de envelhecimento nos níveis molecular, celular, tecido, órgão, sistema, fisiológico e psicológico.

A relação entre desenvolvimento social, aumento da longevidade e inovações tecnológicas constitui um paradigma muito atual. O alongamento da vida adulta, os novos riscos sociais e o impacto da utilização das tecnologias pela pessoa idosa. A consequente necessidade de adaptação da atual que está chegando a terceira idade ou já é idosa à tecnologia orienta esta reflexão na construção do direito a envelhecer com dignidade e incluída na sociedade digital.

O aumento de novas tecnologias beneficiará o envelhecimento saudável e a longevidade, permitindo que as pessoas vivam com mais saúde e realização em todas as idades.  Para garantir que colheremos os benefícios da tecnologia no envelhecimento e longevidade, devemos projetar tecnologias que sejam inclusivas e beneficiem a todos.

Há uma necessidade urgente de redefinir a saúde e o bem-estar em direção a uma abordagem mais capacitada para o homem, orientada para o conhecimento e habilitada para a tecnologia.

A adoção e o uso de tecnologia aumentaram tremendamente, com 44% das pessoas com 50 anos ou mais confortáveis com a tecnologia agora do que antes da pandemia. Esse desejo de se comunicar digitalmente não vai embora depois do COVID. Precisamos aproveitar esse potencial, projetar experiências que permitam a conectividade social.

A médio prazo observamos que, as inovações tecnológicas, análises de saúde aprimoradas e uma compreensão crescente do comportamento humano e da biologia do envelhecimento irão mover a eficácia de tratamento de antienvelhecimento, mudando o foco do tratamento de doenças para a prevenção e promoção da saúde.

Somente ações do presente podem mudar o futuro.

As inovações de hoje fornecem o caminho a seguir para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas, comunidades e sociedade.

A jornada em direção a um mundo com qualidade de saúde e bem-estar amigável significa aplicar mudanças inteligentes e adquiri novos hábitos ao longo do caminho, hábitos preventivos, cuidados na qualidade de vida, na alimentação, na prática de exercícios, enfim somente através do conhecimento, de ações preventivas e de práticas saudáveis, integradas com as tecnologias médicas de diagnóstico e tratamento precoce, as pessoas poderão desfrutar de uma terceira idade com qualidade de vida.

Cada indivíduo deve ter acesso ao conhecimentos preventivos sobre tudo que lhe possa ocasionar adoecimentos, a literácia preventiva tem de ser difundida em todos os seus aspectos e setores, ela é uma das chaves para o caminho para a saúde, conjugada com a eficácia em diagnósticos e tratamentos disponíveis para todos na sociedade.

Nós da CUIDAR & PREVENIR defendemos a causa e afirmamos que é hora do mundo conscientizar sobre o envelhecimento saudável em todos os ciclos do ser humano, desde á infância.

Referências

Mudança Demográfica e Envelhecimento Saudável, Organização Mundial da Saúde (OMS)

ONU

Fórum Econômico Mundial

DEEP Longevity

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